O mundo plano

Ciência, política, cinema, economia, poesia... "A Romance of many dimensions"

quinta-feira, junho 30, 2005

Um país especial

Recentemente, e em reacção às medidas governativas, várias corporações têm vindo a público reinvindicar o seu estatuto de profissão especial, essencialmente, de desgaste ou risco especial.Sem nunca o verbalizarem ou explicitarem, pressente-se uma competição entre as várias corporações sobre os malefícios próprios das respectivas profissões, género na minha profissão partem-se mais pernas do que na tua, o que não é mais do que a versão sindical daquele gostinho especial dos portugueses para competirem em relação às suas doenças. Se este filme não fosse verdadeiro, até daria vontade de rir...

terça-feira, junho 28, 2005

analfabetismo

Em tom de desabafo, não me deixo de espantar todos os dias com o grau de analfabetismo real ou funcional da nossa população; recentemente, tenho tido muito contacto com uma população do interior, misto rural e urbana, onde tal fenómeno é diário nas pessoas com quem contacto.

domingo, junho 26, 2005

ainda a câmara de LX

Alguns jornais traziam hoje, em letras garrafais na 1º págima, a notícia de que a candidatura do Prof Carrilho de facto não desliza serena; um dos jornais adiantava até a possibilidade, cáustica para ele mas também para o PS, de a sua candidatura ser suspensa e substituída por outro candidato. Isto tudo causado pelo conflito entre o candidato e o PS relativo a quem deve ditar as directrizes da candidatura. Já se imagina os tropeções dentro do PS, basta saber se para ser candidato à câmara ou para fugir a sete pés de tal missão partidária. O que nasce torto...

Câmara de Lisboa

Depois do inacreditável mandato do Dr Santana Lopes e Prof. Carmona Rodrigues na Câmara de Lisboa, surge esta surpreendente sondagem do Expresso que dá larga vantagem ao candidato do PSD. Existem por certo várias razões, mas à partida os lisboetas não parecem nutrir grande admiração e confiança pela candidatura do Prof. Carrilho, a quem já não sobra assim tanto tempo para virar o resultado desta sondagem. Depois da sua disponibilidade imposta ao PS, e depois de uma largo séquito de admiradores o ter dado quase como vencedor indiscutível, parece que as coisas vão começar a azedar no Largo do Rato se as sondagens forem reproduzindo a que foi publicada hoje.

quinta-feira, junho 23, 2005

Férias na Polónia

Os franceses devem estar por morrer. Uma notícia no "Público" de hoje dava conta de um anúncio do turismo polaco para promover em França a polónia como destino de férias. Um canalizador em pose Jean Paul Gaultier, rodeado de paisagens polacas, afirmava que ele ficaria na polónia, convidando sim os franceses a visitarem o seu país. Não imagino melhor resposta para a saga chauvinista do canalizador polaco. De facto, já ninguém teme ou respeita a França, e como estes não têm o sentido de humor dos britânicos, devem estar a espumar de raiva, entupindo todos os canos que encontrarem por perto.

Prototypo

Comprei ontem os 3 volumes que me faltavam da revista Prototypo.Declaro desde já o meu conflito de interesses, por ser amigo dos autores da Prototypo.Olho-a ali na estante, a "colecção" toda completa, e só posso sentir orgulho por este projecto ter sido concluído. Do conteúdo e da forma já muito se disse, por isso excuso-me a repeti-lo; dizer somente que aquele universo, ali e agora à minha frente, emana aquele poder estético gravitacional que obriga o olhar a deter-se sempre que por ali passa.Interessa-me sobretudo destacar o feito; excepto no atletismo profissional, os portugueses são bons sprinters mas péssimos maratonistas, em cima do deadline lá improvisamos e muitas vezes com qualidade, mas planeamos mal e temos pouca determinação e perseverança para iniciar e concluir projectos longos, que impliquem esforço e atenção continuada, e para ultrapassar as vicissitudes próprias das coisas longas. Por isso a Prototypo é, antes de tudo, um excelente exemplo de um projecto de qualidade, inovador, arrojado e ambicioso que chegou ao fim, que se concluiu como estava programado, ultrapassando as adversidades que foram encontrando e que foram muitas. Just do it.

terça-feira, junho 21, 2005

Cunhal, nova gente

Sem hipótese de retaliação, o Dr. Cunhal foi injustamente apanhado pelo arrastão das revistas cor-de-rosa, neste caso a Nova Gente. Estas revistas, no seu pragmatismo maquiavélico, de tudo transformarem em matéria sentimental, íntima e ficcionável, são implacáveis, com ou sem a conivência dos protagonistas. Desta feita, a vítima foi o Dr. Cunhal: "Álvaro Cunhal na intimidade", lia-se como título do artigo, publicando ao lado uma fotografia das "mulheres de álvaro cunhal" (citação possivelmente inexacta) no seu funeral; o ponto alto estava na página seguinte, onde se publicava uma fotografia do Dr. Cunhal jovem, atlético, em fato de banho ou semelhante, cuja legenda dizia assim: "Descontraído. Na praia de São Pedro de Muel." Nada se perde, tudo se transforma.

sexta-feira, junho 17, 2005

Cunhal memória

"Ele era a coisa mais linda do mundo", cito de memória, ouvi na rádio uma senhora desabafar no dia do funeral do Dr. Cunhal. Parece que assistimos nos últimos dias à redenção do Dr. Cunhal, e tivesse o entusiasmo sido levado mais longe e tê-lo-iam chamado de grande democrata. De facto, a memória que as pessoas guardarão do Dr. Cunhal, se tomarmos em conta os dias que correm, foi salva pela vitória e implantação da democracia parlamentar que ele tanto quis derrotar em 1975. Se a democracia popular tivesse vingado, e deixando de lado o pequeno pormenor do que teria sido de Portugal, o elogio fúnebre de hoje seria completamente distinto. A derrota do Dr. Cunhal em 1975 possibilitou-lhe a eternidade de hoje.

quinta-feira, junho 16, 2005

A cor do blog

Filipe, a tua descoberta de como postar fotografias é óptima e vem dar um novo sopro ao blog, agora na versão a cores! Precisamos desse ensinamento urgentemente.
A descoberta da patricia do pageview é também formidável, e reflecte claro está a sua formação de economia; a ver vamos e também nos coloca no NASDAQ, e ainda vamos ganhar dinheiro com isto !!

Amantes Escondidos

"A praia, com os seus dois quilómetros de extensão, com os acessos dificultados pelas barreiras de arame farpado que protegiam as fábricas, era o território privilegiado para todos os que queriam esconder-se ou isolar-se e para lá nos dirigíamos sempre que nos deixavam mais à-vontade. Às vezes encontrávamos amantes escondidos nas depressões das dunas ou nas velhas barracas dos pescadores e tornava-se embaraçoso fingir que não tínhamos visto." in, Ficções - Revista de Contos - Biblioteca online do Conto
amantes... escondidos...nas dunas, a partir de agora só mesmo o título de um filme produzido pelas câmaras de vigilância da PSP de Carcavelos e, brevemente, numa praia perto de si.
Será que a única solução para prevenir acontecimentos como os que ocorreram na passada semana em Carcavelos é a introdução de câmaras de vigilância?
Será que se acabou para sempre a possibilidade de faltarmos ao trabalho e às aulas para ir para a praia, pois basta recorrer às gravações de segurança para sermos desmascarados?
Não sei qual é a alternativa, mas penso que esta não é a ideal. Porque se esta é a solução, então que coerentemente se coloquem câmaras de vigilância nas ruas, avenidas, nos prédios desta cidade e aí falatará muito pouco para fazermos parte de um filme, cuja pós produção nos escapa.

quarta-feira, junho 15, 2005

Repensar o país

Concurso n.º 366/06 do TOTOBOLA:

Mascotelos Nespereira - x

Polvoreira Candoso S. Tiago - 2

Nem os famosos dérbis entre estas, por certo distintas, povoações do concelho de Guimarães (iguais a tantas outras por este país fora) justificam que Portugal mantenha uma divisão administrativa de tal forma rendilhada que impede um desenvolvimento sustentado e uma utilização racional dos meios – não só financeiros – de que um país com a nossa dimensão dispõe. Urge, por isso, repensar a divisão administrativa portuguesa, sem tabus, sob pena da imagem de uma das principais conquista do 25 de Abril – o poder local – ficar irremediavelmente ligado aos fenómenos do nepotismo, caciquismo, corrupção que são como que filoxeras de que parecem enfermar muitas autarquias nacionais.
É, por iso, de louvar a iniciativa do governo de introduzir este tema de reflexão sabendo-se que, certamente, os dissabores eleitorais aparcerão como contraponto.
Não deixa ainda de ser curioso ver agora alguns dos que, ainda não há muitos anos, se opunham à Regionalização defenderem que este tema deve ser paulatinamente introduzido na agenda política portuguesa. Enfim, nada de novo cá pelo burgo.

Próximo concurso do totobola:

Canas de Senhorim – Jorge Sampaio 2

Avelino – Ferreira Torres x

Cunhal Fantasma

Receio que mesmo com o Dr Cunhal tão fragilizado, os comunistas tremessem só de pensar na hipótese, agora irracional, de num suspiro ele se opôr a alguma medida do PCP contrária à sua directiva. Agora, com a sua morte física, que mudará no PCP ? sentirão os seus dirigentes alguma espécie de alívio ou libertação, além da natural e sincera tristeza ?

Refugiados...

Ao Filipe, e aos restantes “bloguistas” deste “mundo plano”, um obrigado por me permitirem compartilhar este vosso/nosso mundo.

Esta é a primeira “posta” de muitas, espero eu, que aqui venho deixar. Muito pensei no tema que deveria merecer a honra de iniciar estas minhas contribuições. Provavelmente o mais adequado seria a das mortes que ocorreram recentemente em Portugal mas, infeliz e despretensiosamente, tenho que confessar que não conheço suficientemente a vida e obra de Eugénio de Andrade para o aqui homenagear e do meu Sporting não me apetece falar.

Depois ocorreu-me falar do Luís Delgado, mas já tinha prometido a mim mesmo que neste meu primeiro post não falaria de mortes, ainda que esta seja apenas cerebral por enquanto …

Por fim, surgiu-me a vontade de falar da importante tarefa que Guterres tem pela frente agora que é ACNUR. Efectivamente, como hoje foi noticiado, a primeira visita do ACNUR – nem nos tempos de primeiro ministro foi assim chamado – é ao Uganda. Não tenho dúvidas que essa visita é emblemática, todavia, fica aqui o apelo para não se esquecer dos refugiados que Portugal abriga e que na sequência dos trágicos acontecimentos de 22 de Fevereiro estão a ser perseguidos.

A pergunta que queremos ver respondida é: para quando um lar para o Luís Nobre Guedes e para o Paulo Portas; e, já agora, para o Santana que, de um momento para o outro está na iminência de ficar desalojado?

E esse herói nacional que dá pelo nome de Henrique Chaves, onde anda? Será que foi atingido por uma p*** de pombo, em retaliação? Será que está protegido pelo Programa Nacional de Protecção às Testemunhas de Crimes Violentos e, consequentemente, o seu paradeiro é um segredo de justiça. Se tal estiver a acontecer então nunca – ou pelo menos até daqui a uma hora – saberemos onde encontrá-lo. Senão precisará de ajuda desse grande ACNUR – juro que é mesmo assim, não é um insulto – que é o Guterres.

Para quando um programa de repatriamento que permita ao Rui Gomes da Silva voltar ao seu país. Ah, é português? Então porque não ajudá-lo a juntar-se à sua família emigrada.

Bom, podíamos estar aqui o dia todo a enumerar refugiados carenciados, mas não podemos porque se tem que trabalhar para ajudar a combater o défice. Estamos, contudo, ao teu dispor, Ó meu grande ACNUR, para te ajudar nessa tarefa que te ocupará nos próximos dois..hum..três..annn, bom é fazer as contas para ver quantos anos tens de mandato.

segunda-feira, junho 13, 2005

Passaram 20 anos desde a adesão de Portugal à CEE...

Passaram 20 anos desde a adesão de Portugal à CEE. Pouco tempo na história de Portugal. E se já tudo foi dito sobre a adesão de Portugal, nesta data de comemoração o sentimento prevalente é de raiva, revolta e fúria pela oportunidade perdida e pela impunidade dos seus responsáveis. O filme já não volta atrás, e não é provável que nas próximas centenas de anos nos volte a sair o Euromilhões. E se, pela nossa história, era possível adivinhar o desfecho, existia a esperança que algo de facto abanasse e mudasse, e sobretudo, e acima de tudo, que políticos responsáveis e sérios liderassem o país nesses anos cruciais, depois do grande esforço de outros para ganhar a adesão, com a visão de que seria fundamental para consolidar a democracia e arrancar com o desenvolvimento. De uma certa classe política e dirigente houve a lusa desconfiança reaccionária ao novo, sobretudo se cheira a capital, enquanto de outra houve desleixo e pura corrupção. Em geral faltou tudo ou quase tudo, visão, objectivos, estratégia, disciplina, rigor, e no fim punição sobre os faltosos. Hoje, aqui continuamos como se nada acontecera, como se não se tivesse feito história.