Racismo sem raça
Acerca do post “Racismo descoberto”, do Nuno filoxera, ocorrem-me alguns comentários. De facto concordo com o Nuno em que a questão não se resolve facilmente com chavões como “reificação”, mas estou em total desacordo com as conclusões a que chega.
Fico um pouco estupefacto quando diz que “é justamente o processo de visibilidade das minorias qua desiguais que as reifica”. O que é esta visibilidade de um grupo como desigual (inferior ou superior) senão uma categorização, a que nomeia antes de mais o próprio grupo? Seguida de um investimento de valor negativo ou positivo nesse mesmo grupo. Ora bem, no caso dos grupos raciais trata-se de investir um traço fisionómico ou cultural de um determinado valor, que passa a sobredeterminar, aos olhos do categorizador, todos os indivíduos do grupo categorizado. Os modos pelos quais essa categorização se fez e as razões a ela associadas são questões que só se podem responder historicamente, para cada situação. O colonialismo e a perseguição religiosa aos judeus estão na origem de formas de descriminação a que damos o nome genérico de racismo, mas que assumiram e assumem formas muito diferentes.
Mas o que interessa é que a categorização não é apenas uma operação neutra de ordenação cognitiva do real. Ela tem efeitos, e no caso da categorização racial, como tu bem dizes, corresponde à atribuição de uma inferioridade que se sobrepõe (mas não só) à exploração de classe.
Não estou a por em causa as lutas igualitárias dos negros americanos. Se a cor da pela os colocava numa situação de opressão comum, em virtude justamente da atribuição de inferioridade pela pertença a uma categoria, então essa opressão deve ser nomeada e combatida. Devemos denunciar e combater o racismo, sem portanto ceder à tentação de admitir que existem raças.
Fico um pouco estupefacto quando diz que “é justamente o processo de visibilidade das minorias qua desiguais que as reifica”. O que é esta visibilidade de um grupo como desigual (inferior ou superior) senão uma categorização, a que nomeia antes de mais o próprio grupo? Seguida de um investimento de valor negativo ou positivo nesse mesmo grupo. Ora bem, no caso dos grupos raciais trata-se de investir um traço fisionómico ou cultural de um determinado valor, que passa a sobredeterminar, aos olhos do categorizador, todos os indivíduos do grupo categorizado. Os modos pelos quais essa categorização se fez e as razões a ela associadas são questões que só se podem responder historicamente, para cada situação. O colonialismo e a perseguição religiosa aos judeus estão na origem de formas de descriminação a que damos o nome genérico de racismo, mas que assumiram e assumem formas muito diferentes.
Mas o que interessa é que a categorização não é apenas uma operação neutra de ordenação cognitiva do real. Ela tem efeitos, e no caso da categorização racial, como tu bem dizes, corresponde à atribuição de uma inferioridade que se sobrepõe (mas não só) à exploração de classe.
Não estou a por em causa as lutas igualitárias dos negros americanos. Se a cor da pela os colocava numa situação de opressão comum, em virtude justamente da atribuição de inferioridade pela pertença a uma categoria, então essa opressão deve ser nomeada e combatida. Devemos denunciar e combater o racismo, sem portanto ceder à tentação de admitir que existem raças.
1 Comments:
At 7:48 da tarde, Anónimo said…
Very cool design! Useful information. Go on! » »
Enviar um comentário
<< Home