Aqui há uns tempos houve um gajo que, não se identificando, decidiu partir-me a marreca atirando-se-me à goela qual lobo esfaimado. E já queriam sangue e mais isto e mais aquilo e já havia gente irada e que assim não podia ser. Na altura apresentei as minhas cordiais desculpas e prometi mais assídua participação. Passado um tempo considerável duma colaboração que considero não despicienda (pra que estás a ser modesto Alexandrino és o único a botar faladura nisto! - obrigado mãezinha.) no mundo tanto plano quanto vazio venho expressar a minha indignação. Toadvia, como sou um cavalheiro das belles lettres optei por uma resposta que, se bem que diferida no tempo, obedece ao cânone poético dos sapateiros e entalhadores. Fiz por isso, e lá saiu - não fosse este o poeta que se afirmou no anedotário nacional com o célebre "há-de sair!" - poema tosco, nem soneto nem ode, muito menos elegia, conquanto convulso, mas sim com certeza, atabalhoado em sua própria natureza. A rima não falha e mesmo a métrica, se por vezes errante e desigual, guarda excelsa melodia que pode ser cantarolada ao correr dos olhos (a quem falte a pena).
Então lá vai
Ao anónimo importunado (incertas variações Bocagianas)
O leitor assíduo do comentário bloguista
Sentiu-se vexado pelo silêncio alheio
Retorquiu em comentário trocista
Que quem vivo se anunciara, já morto veio.
O anónimo, lesto e impertigado
Com o novel comentador exangue
Enviou invectivo recado
P’ra que cedo corresse o sangue
Já se preparava a punção
Da medicina reuniam-se os canhenhos
Clamava-se por extemporânea ablação
Enrugavam-se premeditadamente os senhos
Era tamanha a afronta, a ânsia, o desmando
A desbragada e ominosa frustração
Que foi o escriba no seu trabalho deslustrado
Em tão fera quanto injusta proporção
Oh, mas a vida compõe-se e recompõe-se
De tão surpreendentes quanto lábeis ironias
Em escrevendo torto a verdade impõe-se:
- Do divino se diz e das suas tropelias
E onde ouviste: bebei este é o meu sangue - veja-se!
Devia, caro anónimo, para falar, à prova ter-se posto
Ensinou-nos o peixe, símbolo de martírio e desgosto
Que dos neófitos, é sabido, o sangue não flui - derrama-se
E depois da vil e descortês dissensão posta a nu
E da porfia em comedido tom encerrada
Já nos podemos cumprimentar e quiçá tratar por tu
Dir-lhe-ei como o Char em poesia deleitosa e enfeitiçada
Dans mon pays on ne questione pas en home ému
Então, caro anónimo, não era melhor ir levar onde lhe faz falta?
Então lá vai
Ao anónimo importunado (incertas variações Bocagianas)
O leitor assíduo do comentário bloguista
Sentiu-se vexado pelo silêncio alheio
Retorquiu em comentário trocista
Que quem vivo se anunciara, já morto veio.
O anónimo, lesto e impertigado
Com o novel comentador exangue
Enviou invectivo recado
P’ra que cedo corresse o sangue
Já se preparava a punção
Da medicina reuniam-se os canhenhos
Clamava-se por extemporânea ablação
Enrugavam-se premeditadamente os senhos
Era tamanha a afronta, a ânsia, o desmando
A desbragada e ominosa frustração
Que foi o escriba no seu trabalho deslustrado
Em tão fera quanto injusta proporção
Oh, mas a vida compõe-se e recompõe-se
De tão surpreendentes quanto lábeis ironias
Em escrevendo torto a verdade impõe-se:
- Do divino se diz e das suas tropelias
E onde ouviste: bebei este é o meu sangue - veja-se!
Devia, caro anónimo, para falar, à prova ter-se posto
Ensinou-nos o peixe, símbolo de martírio e desgosto
Que dos neófitos, é sabido, o sangue não flui - derrama-se
E depois da vil e descortês dissensão posta a nu
E da porfia em comedido tom encerrada
Já nos podemos cumprimentar e quiçá tratar por tu
Dir-lhe-ei como o Char em poesia deleitosa e enfeitiçada
Dans mon pays on ne questione pas en home ému
Então, caro anónimo, não era melhor ir levar onde lhe faz falta?
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