O mundo plano

Ciência, política, cinema, economia, poesia... "A Romance of many dimensions"

terça-feira, julho 19, 2005

Férias

Até breve,

quinta-feira, julho 14, 2005

UZO: para animais voadores e rastejantes

Há cerca de 1 mês deparámo-nos com uma campanha publicitária para uma nova rede de comunicações móveis, Uzo (descomplicado, dizem). Ao contrário do entusiasmo inicial causado por outras campanhas como a da Vodafone, havia ali um desconforto irritante causado pela voz, cores, texto e música, como algo estivesse fora de contexto. Após tantas vezes exposto a tamanha irritação e incómodo, percebi o que de facto me desagradava naquilo tudo: na realidade estavamos perante um anúncio a um insecticida, daqueles para animais voadores e rastejantes. De facto, desde o nome, às cores garridas vermelho, amarelo e roxo creio, passando pelo tom e cadência da voz, e até pela música que soa a zumbido de melga, tudo faz lembrar um daqueles momentos clássicos da publicidade, em que não sabemos se tomamos partido pelo produto (Buzzzz) ou pela melga. Não consigo deixar de pensar que alguém, de cada vez que telefonar usando a UZO, estará a liquidar o seu ouvinte, através de um longo e mortífero Uzooooo.

quarta-feira, julho 13, 2005

Arrastado pelos "media"

O Sr. Comandante da PSP de Lisboa deu uma entrevista onde, em tom de desculpa e desresponsabilização, referia que tinha sido pressionado pelos “media” a escrever um comunicado que afirmava ter existido um arrastão de 500 pessoas nas praia de carcavelos. Sem se aperceber disso, o Sr Comandante auto-incriminou-se, coisa aliás em que ele deverá ter perícia em evitar pela profissão que exerce. Esta situação é gravissima, sobretudo por 2 razões: por um lado, por o exercício de uma profissão tão sensível como o de policiamento ser influenciado pelos “media” a ponto de criar um “arrastão de 500 pessoas” que na realidade não existiu, com as implicações de segurança psicológica e racismo que isso desencadeou, tendo até justificado uma visita do Dr Sampaio a um dos bairros problemáticos do Concelho da Amadora; por outro lado, essa influência traduzir-se na redacção de um comunicado, o que oficializa por parte do Estado a real existência da ficção criada pelos “media” e pela incompetência de alguns jornalistas. Este episódio obriga à demissão do Sr. Comandante, nem que seja por pressão dos “media”.

sexta-feira, julho 08, 2005

Aquele olhar

De passagem, cruzo todos os dias com as mães, sempre as mães, que na sala de espera aguardam notícias sobre o estado de saúde dos seus filhos internados no serviço de pediatria. Têm sempre aquele olhar. Não é o olhar triste de um adulto que aguarda notícias sobre outro adulto. É um olhar aterrado, perplexo,inconsolável para lá da tristeza,de quem não sabe e não compreende onde está a aterrar. Espero que nunca ninguém , de passagem, se cruze comigo...

O baralho de cartas

Os repugnantes terroristas da Al Qaeda também devem ter o seu baralho de cartas, à semelhança do patético baralho de George Bush. Ontem atacaram Londres, e ao atacarem Londres atacaram-nos a todos. Resta saber qual será a próxima carta a sair no baralho. Qual será a ideia do Dr. Durão Barroso sobre o assunto?

Comunicar o incomunicável

O Governo Regional da Madeira veio a público ler um comunicado onde se diz que foram exageradas e descontextualizadas as conclusões e os comentários sobre as declarações do Dr João Jardim, e que ao contrário do que se comentou são bem recebidos na ilha os imigrantes chineses e indianos, nomeadamente aqueles que queiram desenvolver actividade económica. Como alertou Jorge Coelho, ainda sem conhecer este comunicado, é neste nomeadamente que reside toda a diferença: o Dr Jardim nunca se arrependeu de nada do que tem dito ao longo dos anos, nunca sentiu tão pouco necessidade de clarificar declarações suas e nunca teve medo do impacto das suas declarações. A diferença é que agora apercebeu-se (tarde) dos investimentos asiáticos que pode ter perdido com as suas declarações xenófobas, e começou a fazer contas à vida, porque claro a festa na Madeira tem que continuar. A coragem teve aqui o seu limite...

quarta-feira, julho 06, 2005

Evasão fiscal

Inteiramente de acordo com o post do Filipe Rosas: em todas estas medidas governativas (maioritariamente louváveis), nunca se fala seriamente do gravissimo problema da evasão fiscal, sobretudo prevalente nos grandes rendimentos; o ataque a este problema é crucial por duas razões: pela razão fiscal propriamente dita, e pela razão moral, para que o país sinta que estamos todos a remar no mesmo sentido, sem excepções ou inclusões demagogas e populistas.

terça-feira, julho 05, 2005

o bailinho da Madeira

Em pleno êxtase da festa, o Dr. João Jardim anunciou que não deseja na sua ilha a presença de chineses, indianos e imigrantes de leste; segundo a sua versão, vêm para roubar o emprego aos madeirenses, coisa que estes também fizeram e continuam a fazer aos sul-africanos como forma de fugir à fome, e que aliás é usual numa sociedade aberta, competitiva e com uma economia de mercado. É natural que na Madeira o receio seja grande, onde os argumentos para competir com os imigrantes são poucos, derivado de uma sociedade fechada, pouco dinâmica e onde o poder apostou na ignorância da sua população como forma de se auto-perpetuar. Por tudo isto, e pelo poder da voz do Dr Jardim, a Madeira é um barracão de pólvora para a xenofobia e o racismo, e o Dr. Jardim ateou o primeiro fósforo, puxando os limites do seu populismo até à vergonha nacional. Há muito que a festa na Madeira deixou de ser agradável, hoje é penoso, enxovalhante e inadmissível que o Estado Português seja representado por uma figura destas. Claro está que a responsabilidade é, primeiro e principalmente, dos madeirenses, que continuam a acreditar que vivem num circo.

sexta-feira, julho 01, 2005

A estranheza de Isaltino Morais


Isaltino Morais estranhou a coincidência de ter sido constituído arguido de um processo de não declaração de contas bancárias em plena pré-campanha. Nós, os eleitores, não só estranhamos a sua estranheza como, antes de mais, estranhamos a sua candidatura. O que também estranhamos é ainda não ter evocado um qualquer estatuto especial para adiar o processo até depois da eleições autárquicas e assim dar continuidade ao descaramento que é esta candidatura.