The terror, the terror
Hoje e amanhã decorre na Fundação Calouste Gulbenkian uma conferência intitulada Terrorismo e as Relações Internacionais comissariada pelo filósofo Fernando Gil. Pelo texto que apareceu no jornal Público sobre o evento e pelo que Fernando Gil tem escrito sobre o assunto (veja-se o capítulo intitulado “Medos” do seu último livro Acentos), o terrorismo do título é o do fundamentalismo Islâmico. Em traços largos e correndo o risco de estar a abusar na simplificação, para Fernando Gil o terrorismo Islâmico contemporâneo é antes de mais motivado por ódio civilizacional e inveja. O que move os terroristas é o ódio à liberdade, à democracia e à prosperidade do ocidente, em resumo, à nossa maneira de viver. Nada de novo nesta posição, partilhada por liberais e conservadores e veiculada entre nós, por exemplo, por Pacheco Pereira.
Ora, Fernando Gil não se cansa de apregoar a sua desconfiança em relação a todas as formas de ideologia tanto em entrevistas, como em livros. Numa das suas acepções mais famosas entende-se por ideologia o conjunto de representações que fazem com que realidades sociais, que são históricas e portanto contingentes, apareçam como naturais ou necessárias, como fazendo parte do estado das coisas. São um meio poderoso de fazer aceitar desigualdades de poder e riqueza existentes, de as fazer parecer inevitáveis. E haverá hoje exemplo mais flagrante de ideologia entendida nesta acepção do que as explicações “culturalistas” e civilizacionais defendidas pelos conservadores? O que elas escondem é uma história de dominação colonial política e económica por parte das chamadas potências ocidentais. É isto que é preciso compreender, que o terrorismo é a resposta errada a uma pretensão justa. Seja também dito que respostas mais justas encontraram oposição feroz dos EUA e seus aliados. A esquerda não deve por isso ter vergonha de afirmar o seu combate às duas formas de niilismo dominante: o niilismo do capital e o niilismo do fundamentalismo religioso.
Ora, Fernando Gil não se cansa de apregoar a sua desconfiança em relação a todas as formas de ideologia tanto em entrevistas, como em livros. Numa das suas acepções mais famosas entende-se por ideologia o conjunto de representações que fazem com que realidades sociais, que são históricas e portanto contingentes, apareçam como naturais ou necessárias, como fazendo parte do estado das coisas. São um meio poderoso de fazer aceitar desigualdades de poder e riqueza existentes, de as fazer parecer inevitáveis. E haverá hoje exemplo mais flagrante de ideologia entendida nesta acepção do que as explicações “culturalistas” e civilizacionais defendidas pelos conservadores? O que elas escondem é uma história de dominação colonial política e económica por parte das chamadas potências ocidentais. É isto que é preciso compreender, que o terrorismo é a resposta errada a uma pretensão justa. Seja também dito que respostas mais justas encontraram oposição feroz dos EUA e seus aliados. A esquerda não deve por isso ter vergonha de afirmar o seu combate às duas formas de niilismo dominante: o niilismo do capital e o niilismo do fundamentalismo religioso.