Cartas não escritas
Hoje fui atacado por uma lamechice incontinente. Apelo por isso à vossa compreensão e paciência.
Though lovers lost, love shall not
And death shall have no dominion
Por vezes sinto uma urgência em falar contigo que quase sufoco. Em conversa, no café, conversa banal como a dos apaixonados, conversa justa e benéfica como quem se ama, amou, ainda se há-de amar, digo-te, a ira só serve para esconder o que não nos serve para estar juntos, digo-te, mesmo quando estou ausente esta é a conversa que eu gostava que continuasse, recorrente, infindável, imorredoira. E se baixas os olhos procurando no cigarro, pousado como que esquecido no cinzeiro, a resposta para o que não indago então sei-me correspondido e sei que um dia também tu me dirás esta conversa recorrente e infinita, esta dolente relação com as palavras que te percorre o corpo, te atravessa, te define os contornos e te devolve para que eu a diga novamente. Como se houvesse uma correspondência entre o que não dizes e a minha pálida imagem ao espelho. Como se ao iniciar esta conversa a minha voz só fizesse eco na tua e a voz com que me não respondes fosse o preparo físico para a invenção da minha. Então digo: só existo por que me inventas na tua não resposta. Só sou porque insistes em não me responder. Adoro essa palavra infinito que fica, ficará, ficou, para sempre suspensa na tua boca. A voz que eu amo, aquela que não se extingue, a que não pode ser dita e por isso inextinguível, a voz pela qual eu clamo, essa levo-a eu como último gesto de angústia para que se repercuta num desassossegado silêncio.
Though lovers lost, love shall not
And death shall have no dominion
Por vezes sinto uma urgência em falar contigo que quase sufoco. Em conversa, no café, conversa banal como a dos apaixonados, conversa justa e benéfica como quem se ama, amou, ainda se há-de amar, digo-te, a ira só serve para esconder o que não nos serve para estar juntos, digo-te, mesmo quando estou ausente esta é a conversa que eu gostava que continuasse, recorrente, infindável, imorredoira. E se baixas os olhos procurando no cigarro, pousado como que esquecido no cinzeiro, a resposta para o que não indago então sei-me correspondido e sei que um dia também tu me dirás esta conversa recorrente e infinita, esta dolente relação com as palavras que te percorre o corpo, te atravessa, te define os contornos e te devolve para que eu a diga novamente. Como se houvesse uma correspondência entre o que não dizes e a minha pálida imagem ao espelho. Como se ao iniciar esta conversa a minha voz só fizesse eco na tua e a voz com que me não respondes fosse o preparo físico para a invenção da minha. Então digo: só existo por que me inventas na tua não resposta. Só sou porque insistes em não me responder. Adoro essa palavra infinito que fica, ficará, ficou, para sempre suspensa na tua boca. A voz que eu amo, aquela que não se extingue, a que não pode ser dita e por isso inextinguível, a voz pela qual eu clamo, essa levo-a eu como último gesto de angústia para que se repercuta num desassossegado silêncio.
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