O mundo plano

Ciência, política, cinema, economia, poesia... "A Romance of many dimensions"

quinta-feira, novembro 17, 2005

De acordo com o Presidente da República, continua a não haver democracia sem uma elite. A frase foi proferida a pretexto da necessidade de mudanças no ensino superior. Isto porque é das universidades que, de acordo com o Presidente, deve vir a elite que é condição essencial para derrotar os perigos que ameaçam o “regime democrático e republicano”.
É frase é bem sintomática do modo como uma intelegentsia feita de comentadores, jornalistas e políticos se apropriou da palavra democracia, entendida como sinónimo dos regimes constitucionais e parlamentares que vigoram no ocidente. Mas a ideia transmitida por Sampaio é justamente o oposto da democracia. Ao governo das elites chamamos oligarquia, e o que o PR designa pelo duplo nome de democracia e república é justamente uma oligarquia. O que o preocupa neste caso é o peso que uma elite específica, a universitária, tem na condução dos destinos do estado, ou seja, o problema é a composição particular da oligarquia, que Sampaio vê cada vez mais monopolizada pelos ricos. Mas a elite ser mais ou menos tecnocrata nada tem a ver com a democracia.
A democracia opõe-se justamente ao processo oligárquico de usurpação do espaço e dos bens públicos por uma elite que transita entre as universidades de prestígio, as grandes empresas e o estado, e a luta democrática é a luta pela reapropriação igualitária desse espaço.

1 Comments:

  • At 6:52 da tarde, Blogger achasprafogueir@ said…

    O senhor anda baralhado, claramente! A democracia cresce pois, com a participação de todos sejam das elites universitárias ou das elites proletárias. Mas o pior nem é este mau gosto por parte de quem diz defender a liberdade, a democracia ou a república. Pior mesmo é que as universidades estão muitas vezes populadas por boys politicamente filiados. Ora teme-se assim, que as universidades, obviamente berço das lutas pela liberdade (vidé o caso das lutas estudantis francesa, portuguesa ou chinesa), sejam cada vez mais minadas por tecnocratas politizados, as tais "elites" geradoras de opinião. Caminha-se assim para o pensamento único, a meu ver muito salazarento.

     

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